O surgimento da Viola da Terra encontra-se de certo modo relacionada o aparecimento da viola portuguesa ou “guitarra” trazida para as ilhas dos Açores pelo continente português.

Com um som e uma estrutura característica, com o passar do tempo e através da imaginação de várias gerações de construtores, a viola da terra foi alterando as suas características originais até hoje. A viola da terra distingue-se por dois estilos: terceirense e micaelense.

A viola da terra micaelense é típica da Ilha de São Miguel, nos Açores. O seu comprimento é de cerca de 87 cm. A boca geralmente tem a abertura com a forma de dois corações. Segundo a explicação popular, estes dois corações (com as pontas em sentidos opostos) representam o amor entre duas pessoas que se separam fisicamente, ficando ligadas pelo mesmo sentimento que é a saudade. A cabeça geralmente é plana, ligeiramente inclinada em relação ao braço, e com uma forma rectangular, com cravelhas. Possui 5 ordens de cordas: as três ordens mais agudas são duplas e estão afinadas em uníssono, as duas ordens mais graves são triplas e estão afinadas em oitava (de mais agudo a mais grave): Ré4, Si3, Sol3, Ré3 e Lá2.

A viola da terra terceirense é típica da Ilha Terceira, também nos Açores. A nível de comprimento é igual à viola micaelense, mas a boca tem a abertura circular. Neste caso, as duas ordens mais agudas são duplas e estão afinadas em uníssono, as três ordens mais graves são triplas e estão afinadas em oitava. Tem geralmente a adinação de Mi4, Si3, Sol3, Ré3 e Lá2.

A viola da terra assumiu, ao longo do tempo, grande importância social e cultural na vida dos açorianos, marcando presença em diversas manifestações festivas tradicionais, para acompanhar melodias. Esta pode encontrar-se em quase todas as ilhas do arquipélago, variando por diferenças de construção, encordoamento, afinação e técnica de execução.